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As Raízes de Garapuá

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Catarina Reimão

Graduada em jornalismo pela Faculdade de Comunicação da Ufba, Natália Reis é a autora do projeto fotográfico Raízes, em exposição na Galeria Alma, até o dia 31 desse mês. O trabalho, que teve início durante a conclusão do curso, ganhou as salas da galeria graças ao edital “Arte por Toda Parte Ano II”, lançado pela prefeitura municipal no ano passado. Com um acervo de 35 fotografias, a exposição constrói uma identidade coletiva do povoado de Garapuá, pertencente ao município de Cairu (localizado a 292km de Salvador).

“Nos nossos encontros iniciais para a concepção desse projeto, Natália Reis convenceu-me de que existe uma árvore genealógica enraizada no centro de Garapuá. Histórica e invisível, projeta seus ramos sobre a vila. O que Natália nos mostra nesta exposição é a sua jornada para tornar visíveis as raízes dessa árvore imaginária” – declara José Mamede, orientador do trabalho de conclusão de curso (TCC) e curador da exposição.

O interesse e a relação de Natália com a vila começou muito antes da ideia de expor essas similaridades. “Eu ia lá desde pequenininha e, com o tempo, comecei a perceber que as pessoas eram muito parecidas. Comecei a notar que todos se conheciam, de alguma forma. Como se fossem todos uma grande família”, revela.

A partir disso, a fotógrafa decidiu destacar os laços entre as histórias dessas pessoas. “O projeto começou a ser desenvolvido com as disciplinas finais do curso de jornalismo e eu comecei a fotografar efetivamente em janeiro de 2014”. As primeiras fotos foram retratos de senhoras com luz de velas. “Foi quando percebi que eu queria fotografar os moradores com algum elemento que os representasse. Nesse caso, foi a religiosidade”, lembra.

O trabalho de Natália possui um forte viés documental. Ela se propõe, de forma romântica, a mostrar ao mundo as belezas naturais do povoado, explorando a relação dos moradores com o mar e com o mangue, sempre de forma poética.

Entre as dificuldades encontradas para executar o projeto estão os altos custos. “Uma exposição como essa só é possível através de algum patrocínio, seja público ou privado. Os custos da impressão fine art e da moldura (padrão galeria) são muito altos, principalmente para artista iniciantes”, conta Natália. Ela explica que é difícil custear uma exposição com recursos próprios e que Raízes só foi possível por ter sido contemplada pelo edital da Fundação Gregório de Matos.

O galerista Ricardo Sena, responsável por receber o projeto de Natália, na Alma Fine Arte & Galeria, conta que o espaço incentiva as ações culturais, especialmente ligadas à fotografia, que é o seu foco de atuação.

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