Catarina Reimão
A sessão de reabertura do CineFacom, nessa última quarta-feira, 8, no auditório da Faculdade de Comunicação, foi à sua altura. O projeto que foi idealizado pela então estudante de comunicação, Camila Brito, em 2013, durante a Gestão Outras Palavras, do “Centro Acadêmico Vladimir Herzog” (CAFacom), cresceu à mesma medida que o grupo que o tornou realidade. O projeto, que esteve em pausa durante o de 2014, retornou em grande estilo e apresentou à comunidade acadêmica o documentário “Acupe – Terra Quente”, com auditório lotado.
Com o objetivo de ampliar o acesso às produções recentes dos estudantes universitários e a filmes que estão fora do circuito de exibição dos cinemas da cidade, o CineFacom exibiu, durante seu primeiro ano de funcionamento, 65 filmes gratuitamente (51 deles realizados por estudantes da Ufba), com um público aproximado de 800 pessoas. O projeto também cumpre o papel de promover e difundir a produção audiovisual dos estudantes da Ufba.
Acupe Terra Quente
O documentário escolhido para o retorno do CineFacom foi “Acupe – Terra Quente”. Filme produzido na Ação Curricular em Comunidade e Sociedade (ACCS) Mémoria Social: Audiovisual e Identidades, sob a coordenação do professor José Roberto Severino. Com duração de aproximadamente 40 minutos, o vídeo traz relatos dos moradores do distrito de Acupe, pertencente à cidade de Santo Amaro. No vídeo, os moradores expõem as mazelas e os prazeres de viver nessa terra.
Entre os motivos de maior insatisfação dos acupenses está a tentativa frustrada de emanciapação do distrito, que foi negada na década de 90. O Grupo de Samba de Roda, “Raízes de Acupe” (fundado em 2006), que protagoniza o documentário, declarou, através de sua representante, Dona Joanice Fernandes da Silva Santos, que o vídeo é, para comunidade, uma vitória, uma forma de emancipação (simbólica) do distrito.
Essa ideia foi reforçada por outros moradores presentes, como Roger Santos, pedagogo, que toca na rádio local. “Torço para que, através do vídeo, as autoridades passem a enxergar Acupe e toda sua riqueza cultural, promovendo políticas para a manutenção do distrito, que se sente roubado por Santo Amaro, e trazer à pauta, mais uma vez, a necessidade da independência de Acupe”, completou.
O documentário é fruto de um trabalho iniciado em 2010, com a realização de oficinas para a comunidade, e começou a ser gravado em 2012. A primeira versão foi exibida, pela primeira vez, no IX ENECULT, em outubro de 2013. Contudo, as gravações continuaram no ano seguinte, quando foi finalizada a versão exibida com exclusividade no CineFacom.