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Exposição Pau e Ferro na construção do respeito ao povo negro

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Exposição Pau e Ferro na construção do respeito ao povo negro

Por Milena Abreu

A exposição “Pau e Ferro: Uma Poética Tridimensional”, do artista Sérgio Soares, em cartaz no Museu Afro-brasileiro (MAFRO) da Universidade Federal da Bahia, foi selecionada para fechar o programa de exposições temporárias de 2014. Todo ano, são escolhidos temas que envolvem a discussão sobre o respeito ao povo negro, principalmente, sobre o combate à intolerância religiosa. Nesse ano, a temática das exposições exibidas no MAFRO foi “a força da ancestralidade”. Segundo a coordenadora do museu, Graça Teixeira, esse foi justamente o motivo pelo qual o trabalho de Sérgio foi escolhido para finalizar a série de exposições.
Sérgio Soares é um artista baiano que reside em São Paulo há quatro anos, onde conseguiu maior visibilidade que em Salvador. Seus projetos são marcados pela grande simbologia da religiosidade de matriz africana, explorando o uso das ferramentas dos orixás. Sérgio é autodidata: tudo que sabe sobre arte é resultado da sua busca por conhecimento, através de pesquisas, livros e exposições. Apesar de se inspirar em diversos artistas, ele acredita ser importante que cada um tenha a sua marca própria, ou, como diz, a sua ancestralidade.
Para a coordenadora do museu, a importância da obra de Sérgio é grandiosa na valorização da religiosidade africana. Ele trabalha os elementos simbólicos, sobretudo do candomblé, de forma contemporânea, utilizando-se da técnica mista da assemblagem, onde faz a mistura de diversos materiais, especialmente, da madeira e do ferro, dando forma a esses elementos.
Segundo Graça, o artista trabalha com essas técnicas em busca de uma estética mais original à sua arte. “Não é uma representação pela representação, há toda uma reflexão, um pensar sobre essa obra. Há uma maturidade estética nas mãos desse artista, ele consegue passar isso para a obra”, analisa Graça. Ela completou ainda que a composição do trabalho de Sérgio “é algo muito novo na arte afro-brasileira, sobretudo na arte afro-baiana, exatamente por ele conseguir fazer essa junção de materiais novos com materiais antigos, fazendo uma mistura de elementos”.
O artista traz na assemblagem a mitologia dos deuses de religião afrobrasileira. A elaboração do material vem da representação, havendo uma mistura tanto entre as partes feitas por ele, como as partes que são combinadas com pedaços de outros objetos existentes, como cadeiras, partes de uma cabeceira de cama, entre outros materiais.
Outro grande motivo pela escolha em exibir a obra de Sérgio está na busca do museu em valorizar artistas pouco reconhecidos na Bahia, principalmente aqueles que são baianos e que não são visibilizados, como é o caso dele, que foi para São Paulo em busca de melhores condições para o seu trabalho.
O museu funciona de segunda à sexta, das 9 às 17 horas, e possui entrada gratuita para estudantes, professores e funcionários da UFBA. A exposição Pau e Ferro será exibida até 30 de janeiro de 2015.

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