O In-Tree realizou, no último sábado (26/08), a segunda reunião do seu projeto de Interação com a sociedade/Setor Educacional e do Grupo Colaboração em Pesquisa e Prática em Educação Científica (CoPPEC). O evento contou com a presença de professores de escolas parceiras, além de palestras com temas de grande relevância social, como questões de gênero e racismo científico.
Durante o encontro, foram apresentadas inovações educacionais desenvolvidas pelo INCT e CoPPEC. Entre elas, uma proposta de um stand para exposição no Transformaê, do Instituto de Educação Gastão Guimarães, em Feira de Santana, que pretende abordar o assunto mulheres no meio científico. As iniciativas foram apresentadas pelas docentes Conceição Lago, Hemily Souza, Leyla Joaquim, Vanessa Reis e Cláudia Sepulveda.
Para a professora Conceição Lago, a parceria entre o colégio e a universidade através do INCT tem trazido transformações importantes para ambos. “Eu vejo como uma parceria vital essa troca de informação. Muita coisa está acontecendo e tudo isso tem a ver com nossa sala de aula, tem a ver com a formação do professor, o envolvimento da escola pública e envolvimento dos alunos também. O rendimento deles aumenta, todos ganham”, afirmou.
Continuando a abordagem sobre a relação entre mulher e o meio científico, as professoras Cláudia Sepulveda e Hemilly Souza apresentaram a proposta de levar para sala de aula casos de mulheres que sofreram abusos por parte da ciência biomédica. Segundo Hemilly, apesar de ser pouco discutido em sala de aula, é necessário apresentar aos alunos as consequências que uma metodologia científica pode trazer para o ambiente sociocultural e como isso persiste até o momento atual. “Existe a questão de como o argumento determinista da biologia tem papel fundamental na determinação de alguns estereótipos de identidade. Então, na própria sequência e em alguns trabalhos do grupo, a gente tenta trazer como foi que essa biologia fez isso e como a gente ainda tem isso hoje”, afirma Hemilly. Outros temas que também serão levados para os alunos foram discutidos, como questões éticas e morais colocadas acima da saúde da mulher e a responsabilidade da contracepção e invisibilidade das mulheres no meio científico.
A palestra sobre feminismo negro e a questão da interseccionalidade foi ministrada por Priscila Costa Silveira de Assis (UNOPAR e UFBA) e Barbara Carine Pinheiro da Anunciação (UFBA). Temas como Feminismo negro, cotas raciais, interseccionalidade e gênero, foram discutidos. Ao final da apresentação, foi aberto espaço para perguntas, comentários e respostas.
Roberta Smania Marques, da Universidade Estadual da Paraíba, falou sobre desenvolvimento de questões e métodos de avaliação. Smania propôs também uma ficha de indicadores para análise de questões (FIAQ).
O professor e coordenador do projeto INCT In-Tree, Charbel El- Hani, analisou os problemas complexos das práticas educacionais através da pesquisa em design educacional. O resultado é uma teoria de ensino com domínio específico. No entanto, Charbel ressalta a cautela necessária ao aplicar as teorias nas escolas para não haver imposições ideológicas ou filosóficas. Para ele, toda educação deve lidar com a multi e a inter pluralidade, pois em uma mesma sala há uma variedade de opiniões.
As reuniões são trimestrais, a próxima será feita no mês de novembro.